O contato com instrumentos musicais estimula a coordenação, a concentração e a socialização. Benefícios que se multiplicam quando os instrumentistas são pessoas com algum tipo de deficiência. Formada na década de 1990, a Apae Band Show é um exemplo de que a música é terapia. Encantado com a performance do grupo mantido pela Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Araçatuba, o vereador Cido Saraiva (PMDB) propôs um voto de aplauso aos seus integrantes. O requerimento será apreciado na próxima sessão ordinária, marcada para segunda-feira (21/06).

Embora a banda exista há aproximadamente 15 anos, a Apae de Araçatuba começou a oferecer aulas de música a seus alunos ainda em 1975. "Esse é um trabalho que muito nos orgulha, pois acarreta a melhora de comportamento ao atribuir responsabilidades. Os alunos se sentem parte do contexto", declara a diretora da instituição, Rosemeire Pagan Fernandes. Atualmente, 50 jovens de ambos os sexos e com deficiência intelectual leve ou moderada integram a Apae Band Show. Divididos em turmas, conforme o nível de conhecimento, eles ensaiam 15 horas semanais.

O resultado do trabalho emociona platéias locais, regionais e estaduais. Afinal, a deficiência não é obstáculo para esse grupo produzir sons cadenciados, no ritmo ditado pelo maestro. "O nosso objetivo é mostrar do que eles são capazes, independente da limitação de cada um", afirma Valdecir de Oliveira, regente da Apae Band Show há 14 anos. Conforme ele, a aprendizagem mais lenta é compensada pela dedicação. "Eles demoram um pouco mais para aprender, mas quando aprendem não mais se esquecem", diz o regente.

Um exemplo de superação e empenho é o aluno Rodrigo Moreira Correia. A deficiência auditiva o impede de tocar qualquer instrumento musical, mas não o afasta dos ensaios da banda. Concentrado, é ele quem auxilia o maestro a reger o grupo em todos os encontros. "Eu gosto da banda", declara com a mesma empolgação com que marca o ritmo das melodias.

São histórias como essa que, levadas para os palcos, encantam não só quem assiste às apresentações, mas também quem as prepara. "Eu sempre me emociono, porque sei que esses alunos estão dando o melhor de si", constata a diretora da Apae. "Trabalhar com pessoas que possuem alguma necessidade especial é inexplicável em palavras. Só sentindo mesmo", resume o regente.

Além de aplausos, a Apae Band Show também conquista prêmios. Em 2002, foi campeã do Confabanes (Concurso Nacional de Fanfarras e Bandas Especiais), realizado em Araçatuba. Já em 2007, obteve o primeiro lugar no Festival Regional "Nossa Arte" de Olímpia e o segundo lugar no Festival Estadual "Nossa Arte" de Cravinhos. "Eles têm apresentado um trabalho de qualidade, profissional mesmo", justifica Rosemeire.

Mas, para a manutenção da banda, a ajuda da comunidade é imprescindível, já que os recursos repassados pelos governos federal, estadual e municipal à Apae são insuficientes para cobrir todas as despesas. "Gostaríamos de repor os instrumentos musicais que quebram, de fornecer uniforme, mas as dificuldades financeiras são muitas. Só nos mantemos porque existem pessoas muito boas em Araçatuba, que sempre nos ajudam", comenta a diretora da instituição.